A canoa havaiana, assim como todo esporte ao ar livre, está sujeita às variações e inconstâncias da natureza, como a maré, o vento, a chuva e as correntes marinhas.
Como praticantes dessa atividade, devemos respeitar o movimento natural do ambiente e aproveitar as condições ideais quando elas se apresentam.
Dito isso, também podemos entender como o nosso meio, o mar (e a praia) se comportam e são influenciados pela estação do ano — o que torna a remada no inverno um desafio maior que no verão, por exemplo.
O nordeste brasileiro, e mais especificamente o sul da Bahia, aonde estamos, tem duas principais correntes de vento: os ventos alísios, conhecido como o vento nordeste, que vem do atlântico em direção ao continente, e o vento sul, que vem da região antártica pela costa da Argentina e do Uruguai, subindo pelo litoral brasileiro, até o Sul da Bahia.
Inverno: Frentes frias e el niño
O vento Nordeste geralmente é mais forte no inverno, o que pode gerar ondas maiores e mais agitadas no mar, além de dificultar a navegação, especialmente para embarcações menores.
Ademais, ao encontrar com o vento Sul, que traz temperaturas mais baixas, ocorre a famosa “frente fria”, que é quando uma massa de ar frio avança sobre uma massa de ar quente. Nesse caso, o ar frio, mais denso, empurra o ar quente para cima, causando a formação de nuvens de desenvolvimento vertical, que geralmente trazem chuvas intensas e temporais.
Além do esperado para o inverno, esse ano temos o retorno do El Niño, um fenômeno geológico no qual as águas do oceano pacífico se aquecem anormalmente em até 4 graus em seus registros mais intensos, o que causa alterações na pressão atmosférica e consequências geográficas para todo o mundo.
Isso traz mais leveza para os ventos alísios, que se chocam com ventos vindo do Oeste para o litoral, causando agitação intensa no mar e nas ondas, além do já mencionado vento Sul, com as frentes frias.
Respeitar o mar, e esperar o momento certo.
Com o entendimento geográfico em mente, se faz necessário o respeito e o cuidado com os fenômenos naturais. Lidando com forças tão maiores e fora do nosso alcance como correntes de ar, pressão atmosférica e estações do ano, cabe a nós entender o momento de insistir e o momento de recuar.
A Canoa Havaiana, como muitos outros esportes, requer de certas condições para a prática com segurança — uma delas sendo o clima ameno e pouco vento.
Remar com o mar agitado e com vento em excesso não é uma boa opção, pois a canoa pode virar – o que chamamos de huli – ou afundar.
Por isso mesmo, conforme as normas de segurança vigentes, deve-se fazer uso dos coletes salva-vidas, e sempre se manter calmo e atento, além de respeitar as instruções do responsável pela canoa, afim de evitar qualquer problema.
Nós ficamos então, no inverno, principalmente, à espera dos dias de menos vento e mar pouco agitado para remar, focando em apreciar cada oportunidade de ir pra água, além de buscando levar como um ensinamento pessoal saber reconhecer e respeitar estes ciclos e momentos.
Todos gostamos de remar com a maré calma, água clara, céu azul e sol brilhante; apesar disso, os dias de água mexida, vento e nuvens são igualmente valiosos e importantes para os ciclos geográficos do planeta, e essenciais para o nosso aprendizado. Afinal, mar calmo nunca fez bom marinheiro, e a persistência e vontade de remar sempre vencem o período de ventania.